sábado, 18 de abril de 2009

Respostas dos Exercícios - 2° Ano Cap. 20

CAPÍTULO 20 - INTEGRAÇÃO E CONTROLE - CORPORAL: SISTEMAS NERVOSO E ENDÓCRINO - GUIA DE ESTUDO

1. O encéfalo humano pesa cerca de 1,4 kg nas pessoas adultas e é composto das seguintes partes: cérebro, tálamo e hipotálamo, mesencéfalo, ponte, cerebelo e bulbo raquídiano. Ao conjunto formado pelo mesencéfalo, pela ponte e pelo bulbo raquidiano, os cientistas dão o nome de tronco encefálico. O encéfalo é envolvido por três membranas de tecido conjuntivo, as meninges. O espaço entre as meninges e o sistema nervoso é preenchido por um fluido chamado líquido cerebrospinal (ou líquido cefalorraquidiano), que amortece eventuais choques do encéfalo e os ossos da caixa craniana.

2. O cérebro é a parte mais desenvolvida do encéfalo humano, constituindo entre 85% e 90% da massa encefálica do crânio. Sua superfície é intensamente pregueada, marcada por sulcos e depressões, que definem os giros ou circunvoluções cerebrais. Um profundo sulco longitudinal divide quase que completamente o cérebro em duas metades, os hemisférios cerebrais, direito e esquerdo. A conexão entre os dois hemisférios cerebrais é feita pelo corpo caloso, constituído por mais de 200 milhões de fibras nervosas. A camada mais externa dos hemisférios cerebrais, cuja espessura varia entre 1,5 cm e 2 cm, é o córtex cerebral, constituído por mais de 20 bilhões de corpos de neurônios (substância cinzenta). A região mais interna dos hemisférios cerebrais é constituída por substância branca, formada por fibras nervosas (dendritos e axônios) que levam informações ao córtex e trazem dele instruções para o funcionamento corporal.

3. Lobos cerebrais são áreas demarcadas por sulcos mais profundos dos hemisférios cerebrais, responsáveis pela coordenação de funções específicas. A porção anterior de cada hemisfério, conhecida como lobo frontal, por exemplo, controla os músculos esqueléticos do lado oposto do corpo; o pensamento, a fala e o olfato também são relacionados a essa região. Os lobos parietais, localizados nas laterais superiores da cabeça, estão relacionados a sensações provenientes da pele, dos músculos, das articulações e dos tendões. Os lobos temporais, situados nas regiões laterais inferiores da cabeça, na altura das têmporas, estão ligados à audição. Os lobos occipitais, situados na parte traseira da cabeça, estão ligados à visão.

4. O tálamo e o hipotálamo ficam localizados embaixo do cérebro. O tálamo compõe-se de duas massas ovóides de substância cinzenta encaixadas na base do cérebro. Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores de olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Acredita-se que a região talâmica atue como uma estação integradora e retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral, sendo responsável por seu direcionamento às áreas apropriadas do cérebro, onde devem ser processadas. O tálamo também parece exercer um papel importante na regulação do estado de consciência, alerta e atenção. O hipotálamo é uma estrutura do tamanho aproximado de um grão de ervilha localizada sob o tálamo. Apesar de relativamente pequeno, ele é uma região encefálica importante na homeostase, isto é, no ajuste do organismo às variações externas. Por exemplo, é o hipotálamo que controla a temperatura corporal, o apetite e o equilíbrio hídrico no corpo, além de ser o principal centro da expressão emocional (por provocar alterações no estado fisiológico do corpo) e do comportamento

sexual. É ele também que faz a integração entre o sistema nervoso e o sistema endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas produtoras de hormônios.

5. O mesencéfalo, localizado em seguida ao tálamo e ao hipotálamo, está envolvido na recepção e coordenação de informações sobre o grau de contração dos músculos e a postura corporal. A ponte, originada do metencéfalo embrionário, é constituída principalmente por fibras nervosas que ligam o córtex cerebral ao cerebelo. Nessa região encefálica também há centros coordenadores da movimentação dos olhos, do pescoço e do corpo em geral. Além disso, a ponte participa na manutenção da postura corporal cor-reta, no equilíbrio do corpo e no estado de tensão dos músculos (tônus muscular). O cerebelo, também originado do metencéfalo embrionário, fica encaixado entre a parte posterior do cérebro e a ponte. Conecta-se por meio de inúmeras fibras nervosas ao tálamo, ao tronco encefálico e à medula espinal. O cerebelo recebe informações de diversas partes do encéfalo e da medula espinal sobre a posição das articulações e o grau de estiramento dos músculos, bem como informações auditivas e visuais. Com base nessas informações, ele coordena os movimentos e orienta a postura corporal. Quando uma parte do corpo se movimenta, o cerebelo coordena a movimentação das outras partes corporais para manter o equilíbrio. É graças a ele que podemos realizar ações altamente coordenadas e complexas como andar de bicicleta, jogar tênis ou tocar violão.

6. O bulbo raquidiano, originário do mielencéfalo embrionário, é a última porção do encéfalo, constituindo a parte dilatada localizada na base do tronco encefálico. Ela contém importantes centros controladores de funções vitais como os que regulam os batimentos cardíacos e os movimentos respiratórios.

7. A medula espinal é um cordão cilíndrico com cerca de 1 cm a 1,7 cm de diâmetro que parte da base do encéfalo e percorre quase toda a coluna vertebral, alojada no canal formado pelas perfurações das vértebras. Ela é revestida pelas três meninges e possui um canal interno, preenchido por líquido cefalorraquidiano, que também preenche o espaço entre as duas meninges mais internas. A medula espinal atua como uma estação nervosa retransmissora, ou seja, a maioria das informações colhidas nas diversas partes do corpo chega primeiramente até ela, para só então serem conduzidas ao encéfalo. Por outro lado, a maior parte das ordens elaboradas no encéfalo passa pela medula antes de chegar a seus destinos. Além de intermediar a comunicação do corpo com o encéfalo, a medula espinal elabora respostas simples para certos estímulos.

8. O sistema nervoso central é constituído pelo encéfalo e pela medula espinal. O sistema nervoso periférico é constituído pêlos nervos e pêlos gânglios nervosos. Os nervos são fios finos e esbranquiçados, formados pela reunião de vários axônios que partem do encéfalo e da medula espinal, ramificando-se e atingindo todas as regiões do corpo. Os gânglios nervosos são pequenas dilatações presentes nos nervos.

9. De acordo com os tipos de neurônios que apresentam, os nervos podem ser classificados em sensitivos, ou aferentes (contêm apenas neurofibras de neurônios sensitivos), motores, ou eferentes (contêm apenas neurofibras de neurônios motores), e mistos (contêm neurofibras de neurônios sensitivos e de neurônios motores). Também se classificam os nervos de acordo com a região do sistema nervoso central à qual estão unidos; nervos ligados ao encéfalo são chamados de nervos cranianos, e nervos ligados à medula são chamados de nervos raquidianos, ou nervos espinhais. A espécie humana possui doze pares de nervos cranianos e 31 pares de nervos raquidianos. Os nervos cranianos conectam o encéfalo a órgãos dos sentidos e a músculos, principalmente da região da cabeça; os nervos raquidianos conectam a medula espinal a células sensoriais e a músculos localizados nas diversas partes do corpo.

10. Os nervos raquidianos comunicam-se com a medula espinal por meio dos espaços que há entre as vértebras; a cada espaço intervertebral há um par de nervos, um de cada lado da coluna vertebral. Cada nervo liga-se à medula por dois conjuntos de fibras nervosas, denominadas "raízes" do nervo. Uma das raízes de um nervo espinhal liga-se à parte dorsal da medula (raiz dorsal), e a outra liga-se à parte ventral da medula (raiz ventral). A raiz dorsal de um nervo raquidiano é formada exclusivamente por fibras sensitivas, enquanto a raiz ventral é formada somente por fibras motoras. Na raiz dorsal de cada nervo raquidiano há um gânglio espinhal, no qual se localizam os corpos celulares dos neurônios sensitivos. Já os corpos celulares dos neurônios motores ficam dentro da medula, na substância cinzenta.

11. São respostas elaboradas diretamente pela medula, sem interferência do encéfalo. Uma das mais simples é o reflexo patelar, testado pelo médico ao bater com um martelinho no joelho do paciente. Nesse reflexo tomam parte apenas dois tipos de neurônio, um sensitivo, que percebe a batida e leva o impulso nervoso até a medula espinal, e um motor, que conduz o impulso medular até o músculo da coxa, provocando sua contração. A maioria das respostas reflexas medulares é, no entanto, mais complexa que o reflexo patelar e envolve um terceiro tipo de neurônio, denominado neurônio associativo. Esse fica localizado no interior da medula espinal e faz a conexão entre o neurônio sensitivo e o neurônio motor que participam da resposta reflexa. Nesse caso, o impulso que atinge a medula pelo neurônio sensitivo é transmitido ao neurônio associativo e deste ao neurônio motor que conduz a resposta ao músculo. Além de estimular os neurônios motores responsáveis pela ação reflexa, o neurônio associativo estimula também outros neurônios que conduzem impulsos ao encéfalo, permitindo a tomada de consciência do ocorrido.

12. O SNP voluntário, também chamado de SNP somático, tem por função conduzir ao sistema nervoso central estímulos vindos dos ambientes corpóreo e externo, e levar aos músculos estriados esqueléticos impulsos nervosos vindos do sistema nervoso central. O SNP autônomo, ou SNP visceral, tem por função regular o ambiente interno do corpo, controlando a atividade dos sistemas digestório, cardiovascular, urinário e endócrino. Ele é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do sistema nervoso central aos músculos não-estriados das vísceras e à musculatura estriada do coração.

13. São neurônios constituintes do SNP autônomo. O corpo celular do neurônio pré-ganglionar localiza-se dentro do sistema nervoso central e seu axônio vai até um gânglio, onde o impulso nervoso é transmitido ao neurônio pós-ganglionar. O corpo celular do neurônio pós-ganglionar fica no interior do gânglio nervoso e seu axônio conduz o estímulo nervoso até o órgão por ele controlado, que pode ser um músculo não-estriado ou o músculo cardíaco.

14. O SNP autônomo (SNPA) é dividido em dois ramos, SNPA simpático e SNPA parassimpático, que se distinguem tanto pela estrutura quanto pela função. O SNPA simpático difere do SNPA parassimpático quanto à região do sistema nervoso central de onde partem as fibras e quanto à localização dos gânglios na via nervosa. O SNPA simpático é constituído por nervos raquidianos que partem das regiões torácica e lombar da medula espinal, possuindo, cada um deles, um gânglio nervoso localizado perto da medula. Já o SNPA parassimpático é constituído por nervos cranianos, que partem do encéfalo, e por nervos raquidianos que partem da região final (sacral) da medula espinal; esses nervos têm em comum o fato de, cada um deles, conectar-se a um gânglio localizado próximo, ou mesmo dentro, do órgão que controlam. As fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas controlam os mesmos órgãos, mas trabalham em oposição: enquanto um dos ramos estimula determinado órgão, o outro o inibe. Essa ação antagônica garante o funcionamento equilibrado dos órgãos internos. De modo geral, o SNPA simpático estimula ações que mobilizam energia, permitindo ao organismo responder a

situações de estresse. Por exemplo, o SNPA simpático é o responsável pela aceleração dos batimentos cardíacos, pelo aumento da pressão sanguínea, pelo aumento da concentração de açúcar no sangue e pela ativação do metabolismo geral do corpo. Já o SNPA parassimpático estimula principalmente atividades relaxantes, como a redução do ritmo cardíaco e da pressão sanguínea, entre outras.

15. Os exteroceptores são células sensoriais especializadas em captar estímulos provenientes do ambiente. Os proprioceptores se localizam nos músculos, tendões, articulações e órgãos internos, e sua função é informar o sistema nervoso central sobre a posição dos braços, das pernas e da cabeça em relação ao resto do corpo. Os interoceptores percebem condições internas do corpo como a composição do sangue, o pH, a pressão osmótíca, a temperatura etc, o que nos permite sentir sede, fome, frio, náusea e dor, por exemplo.

16. As papilas gustatórias são pequenas saliências distribuídas sobre a língua e o palato mole, constituídas por células sensoriais detectaras de paladar. Existem quatro tipos básicos de papilas gustatórias: circunvaladas, fungiformes, foliáceas e filiformes. As papilas filiformes não contêm células receptoras de sabor, estando envolvidas apenas em sensações táteis. Os outros três tipos são capazes de detectar os quatro sabores básicos: doce, azedo, salgado e amargo.

17. O epitélio olfatório, localizado no teto das cavidades nasais, é um conjunto de células nervosas especializadas (quimiorreceptores de olfato) que possuem prolongamentos sensíveis (cílios olfatórios), mergulhados na camada de muco que recobre as cavidades nasais. As moléculas dispersas no ar difundem-se no muco e atingem os prolongamentos sensoriais, gerando impulsos nervosos que são conduzidos até o corpo celular da célula olfatória, de onde atingem o axônio, que se comunica com o bulbo olfatório.

18. A orelha é o órgão responsável pela audição e pelo equilíbrio do corpo. Ela costuma ser dividida em três regiões, denominadas, de fora para dentro, orelha externa, orelha média e orelha interna. A orelha externa é o canal que se abre para o meio exterior no pavilhão auditivo, conhecido popularmente como orelha. Ele é revestido por um epitélio rico em células secretoras de cera, cuja função é reter partículas de poeira e microrganismos, protegendo assim as partes internas da orelha. O pavilhão auditivo funciona como uma concha acústica, que capta os sons e os direciona para o canal auditivo. As ondas sonoras fazem vibrar o ar dentro do canal da orelha, e as vibrações são transmitidas à membrana timpânica, ou tímpano, uma fina película que separa a orelha externa da orelha média. A orelha média, localizada dentro do osso temporal, é um canal estreito e cheio de ar; nele se localizam três pequenos ossos denominados martelo, bigorna e estribo. Um canal flexível, a tuba auditiva (trompa de Eustáquio), comunica a orelha média à garganta, e sua função é equilibrar a pressão no interior da orelha com a do meio externo. A vibração do ar causada pelas ondas sonoras, ao atingir a membrana timpânica, faz com que ela vibre, movimentando o martelo, a bigorna e o estribo. Esses pequenos ossos da orelha média, alinhados em seqüência, atuam como amplificadores e transmissores das vibrações à orelha interna. A orelha interna, encravada no osso temporal, é um complexo labirinto membranoso, conhecido como aparelho vestibular, onde se localizam células sensoriais especializadas na captação de estímulos mecânicos, genericamente chamados mecanorreceptores. Os principais componentes do aparelho vestibular são a cóclea, responsável pela audição, e o sáculo, o utrículo e os canais semicirculares, responsáveis pelo equilíbrio.

19. A cóclea é um longo tubo cônico, enrolado como a concha de um caracol, com o interior dividido em três compartimentos cheios de líquido. No compartimento mediano (dueto coclear) localiza-se o órgão espiral (órgão de Corti), que contém as células sensoriais fonorreceptoras. Essas células entram em contato com uma estrutura membranosa chamada de membrana tectônica, que se apóia, como se fosse um teto, sobre os cílios das células sensoriais. A base do estribo conecta-se a uma área da cóclea denominada janela oval, fazendo-a vibrar e comunicando a vibração ao líquido coclear. Por meio desse líquido, as vibrações fazem os cílios das células sensoriais roçar a membrana tectórica, gerando impulsos nervosos, que são conduzidos pelo nervo auditivo ao centro de audição do córtex cerebral.

20. O sáculo e o utrículo são duas bolsas cheias de líquido, localizadas sobre a cóclea. Em suas paredes internas existem as máculas, formadas por células sensoriais ciliadas sobre as quais ficam os otólitos, pequenos grãos de carbonato de cálcio. As várias máculas têm diferentes graus de inclinação em relação ao nosso corpo, de modo que, quando uma está em posição horizontal, outras estão em posição vertical ou inclinada. Mudanças na posição da cabeça fazem com que o deslocamento dos otólitos, sob a ação da gravidade, estimule os cílios das células sensoriais das máculas. Os impulsos nervosos gerados nas diversas máculas são comparados no cérebro permitindo-lhe determinar a orientação da cabeça em relação à força gravitacional. Assim, percebemos se estamos de cabeça para cima ou para baixo e a velocidade com que estamos nos deslocando.

21. Os canais semicirculares são três tubos curvos, também cheios de líquido, localizados sobre o utrículo. Na base de cada canal semicircular existe uma dilatação, chamada ampola, onde há um aglomerado de células sensoriais ciliadas revestidas por uma massa gelatinosa. Quando movimentamos a cabeça, o movimento do líquido sobre os cílios das células sensoriais estimula-as, gerando impulsos nervosos que são transmitidos ao encéfalo. Se rodarmos a cabeça a uma velocidade constante, o líquido no interior dos canais semicirculares passa a se mover em consonância com os canais, estimulando as células sensoriais. Entretanto, se pararmos bruscamente de rodopiar, o líquido dos canais semicirculares continua a se mover devido à inércia, estimulando as células sensoriais e causando uma sensação de tontura. Isso ocorre devido ao conflito de duas percepções: os olhos informam ao sistema nervoso que paramos de rodopiar, mas o movimento inercial do líquido, nos canais semicirculares da orelha interna, informa que nossa cabeça ainda está em movimento.

22. Os órgãos responsáveis por nossa visão são os bulbos do olho, popularmente chamados de olhos. Eles são duas bolsas membranosas cheias de líquido, embutidas em cavidades ósseas do crânio, as órbitas oculares. Os bulbos do olho são revestidos por uma membrana transparente, dotada de finíssimos vasos sanguíneos, a conjuntiva, que se estende pela superfície interna das pálpebras. Sob a conjuntiva fica a parede do bulbo do olho, formada por três camadas de tecido: esclera, coróide e retina. A esclera é a camada mais externa, constituída por um tecido conjuntivo resistente, que mantém a forma esférica do bulbo do olho e serve de ponto de ligação para os músculos responsáveis por sua movimentação. A esclera tem cor branca, mas, na parte anterior do bulbo do olho, ela apresenta uma área transparente à luz e com maior curvatura; é a córnea, a lente do olho. Imediatamente abaixo da córnea há uma câmara preenchida por um líquido transparente chamado humor aquoso. A coróide, localizada imediatamente abaixo da esclera, é uma película pigmentada rica em vasos sanguíneos que nutrem e oxigenam as células do olho. Sob a córnea, a coróide forma a íris, o disco colorido do olho. No centro da íris há um orifício de tamanho regulável, a pupila, por onde a luz penetra no globo ocular. Atrás da íris localiza-se a lente, uma estrutura protéica com forma de uma lente biconvexa, que dá nitidez e foco à imagem luminosa formada na córnea, projetando-a na área sensível do fundo do bulbo do olho. A lente está ligada aos músculos ciliares, cuja contração modifica ligeiramente sua forma, de modo a focalizar a imagem corretamente sobre o fundo do olho. Atrás da lente há uma grande câmara, preenchida por um líquido viscoso e transparente chamado corpo vítreo. A retina reveste internamente a câmara ocular; ela contém dois tipos de fotorreceptores, isto é, de células estimuláveis pela luz: os bastonetes e os cones.

23. Os bastonetes são fotorreceptores extremamente sensíveis à luz, mas incapazes de distinguir as cores. Neles, a substância responsável pela detecção de luz é um pigmento constituído por uma parte protéica, denominada opsina, e uma parte não-protéíca, o ll-cisretinal, derivado da vitamina A. Os cones são menos sensíveis à luz que os bastonetes, mas possuem, em conjunto, a capacidade de discriminar diferentes comprimentos de onda, permitindo a visão em cores. Em um ambiente pouco iluminado apenas os bastonetes, por serem mais sensíveis, são estimulados. É por isso que, na penumbra, vemos razoavelmente bem os objetos, mas não distinguimos suas cores; à medida que a luminosidade aumenta, os cones são ativados e as cores tornam-se visíveis. Existem três tipos de cones em nossos olhos, cada um contendo um tipo diferente de pigmento. Estes também são proteínas conjugadas, em que a parte não-protéica é o retineno (deidroretinaldeído), também derivado da vitamina A, e a parte protéica é uma opsina. Cada classe de cone possui uma opsina diferente, determinada geneticamente: um tipo detecta luz vermelha, outro detecta luz verde e o terceiro detecta luz azul. É isso que permite nossa visão em cores.

24. Cada retina humana contém 6 milhões de cones, a maioria concentrada em uma região denominada fóvea, e 120 milhões de bastonetes, poucos deles na fóvea. Assim, a fóvea é relativamente menos sensível à luminosidade fraca do que as laterais do olho. Quando uma molécula fotossensível (pigmento) de um cone ou de um bastonete é excitada pela luz, sua estrutura se modifica, desencadeando uma série de reações químicas na célula. Essas reações alteram a permeabilidade da membrana plasmática, gerando impulsos nervosos que, depois de transmitidos para outras células da retina, são conduzidos por fibras nervosas até o centro visual do córtex cerebral. Essas fibras das células nervosas da retina se juntam em um mesmo ponto do globo ocular, o chamado disco óptico, originando o nervo óptico que sai do olho. No disco óptico não há fotorreceptores, de modo que imagens focalizadas nele não são vistas, por isso a região do disco óptico é um ponto cego da retina.

25. O conjunto de fibras nervosas (nervo óptico) que partem da retina de cada olho conduz os estímulos captados pêlos fotorreceptores através do tálamo até os centros da visão, localizados no lobo occipital de cada hemisfério cerebral. As fibras nervosas provenientes da porção lateral externa do olho direito vão diretamente ao centro visual do hemisfério cerebral direito. Da mesma forma, as fibras nervosas que partem da porção lateral externa do olho esquerdo vão diretamente ao centro visual do hemisfério cerebral esquerdo. No entanto, as fibras nervosas provenientes da porção lateral interna de cada olho cruzam-se antes de atingir os centros cerebrais da visão; as fibras provenientes do olho direito atingem o hemisfério cerebral esquerdo e vice-versa. Os centros visuais de cada hemisfério cerebral, ao receberem as imagens provenientes de cada olho, analisam as diferenças e calculam a distância a que se encontra o objeto focalizado. Portanto, é a sobreposição das imagens vistas de ângulos diferentes por cada um dos olhos que permite a visão binocular, ou estereoscópica.

26. Hormônios são definidos como substâncias químicas produzidas e liberadas por determinadas células e que atuam sobre outras células, modificando seu funcionamento. As células produtoras de hormônios estão, em geral, reunidas em órgãos, chamados, genericamente, glândulas endócrinas (do grego endos, dentro, e krynos, secreção). O termo refere-se ao fato de que essas glândulas lançam seus hormônios diretamente no sangue, o que as distinguem das glândulas exócrinas (do grego exos, fora), que lançam suas secreções para fora do corpo, ou nas cavidades de órgãos ocos. O conjunto de glândulas endócrinas do corpo humano constituí nosso sistema endócrino.

27. Um hormônio liberado no sangue, apesar de atingir praticamente todas as células do corpo, atua somente em algumas delas que, por isso, são denominadas células-alvo daquele hormônio As células-alvo de determinado hormônio possuem, na superfície externa de sua membrana plasmática, proteínas denominadas receptores hormonais, capazes de combinar-se especificamente com as moléculas do hormônio. É apenas quando ocorre a combinação correta entre um hormônio e seu receptor na célula-alvo que esta é estimulada.

28. A região do encéfalo conhecida como hipotálamo desempenha um importante papel na integração entre os sistemas nervoso e endócrino. Ao receber informações trazidas por nervos provenientes do corpo e de outras partes do encéfalo, o hipotálamo secreta hormônios que atuam sobre a hipófise. O hipotálamo possui dois grupos de células endócrinas. Um deles produz hormônios que ficam armazenados na região posterior da hipófise (neurohipófise) até serem liberados no sangue. O outro grupo de células endó-crinas do hipotálamo produz hormônios que regulam o funcionamento da parte anterior da hipófise (adenoipófise).

29. A hipófise, antigamente conhecida como pituitária, é uma glândula pouco maior que um grão de ervilha, localizada na base do encéfalo. Muitos fisiologistas a consideram a "glândula mestra" de nosso corpo, pelo fato de seus hormônios regularem o funcionamento de diversas glândulas endócrinas. A hipófise é constituída por dois tipos bem diferentes de células endócrinas. Sua porção anterior, denominada adenoipófise (ou lobo anterior da hipófise), origina-se de um tecido epitelial, como a maioria das outras glândulas endócrinas. Sua porção posterior, denominada neuroipófise (ou lobo posterior da hipófise), é um prolongamento do hipotálamo, sendo constituída por neurônios modificados, e, portanto, de origem nervosa.

30. A neuroipófise armazena e libera dois hormônios principais: a oxítocina e o hormônio antidíurético, também chamado vasopressina. O termo oxitocina (do grego okys, rápido) refere-se a um dos efeitos marcantes desse hormônio, a aceleração das contrações uterinas que levam ao parto. Outro efeito desse hormônio é causar a contra-ção da musculatura lisa das glândulas mamarias, o que leva à expulsão do leite durante a amamentação. Nesse caso, o estímulo para a liberação do hormônio é a própria sucção do peito pelo bebê. Nos homens, a função da oxitocina é ainda desconhecida. O hormônio antidiurético, ou ADH (sigla, em inglês, de antídiuretíc hormone), é liberado quando a concentração de água no sangue cai abaixo de certo nível; seu principal efeito é a diminuição do volume de urina excretado, efeito antidiurético. Um dos efeitos fisiológicos do ADH é promover a contração das artérias mais finas (arteríolas), o que eleva a pressão arterial e aumenta a permeabilidade dos túbulos distais dos nefros renais, com maior reabsorção de água pêlos rins. Por seu efeito vasoconstritor, o ADH é chamado também de vasopressina. Se a pessoa produz menos ADH que o normal, ela elimina grande volume de urina, sente muita sede e corre risco de desidratação. Esse quadro clínico caracteriza o diabetes insípido, que não deve ser confundido com o diabetes melito.

31. A adenoipófise produz e libera diversos hormônios, entre eles os chamados hormônios tráficos (do grego trofos, nutrir, alimentar), cujo efeito é estimular o funcionamento de outras glândulas endócrinas. Os principais hormônios tráficos produzidos pela adenoipófise são: a) hormônio tireotrófico (TSH), que regula a atividade da glândula tireóidea; b) hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que regula a atividade da região mais externa (córtex) da glândula supra-renal; c) hormônio folículo estimulante (FSH), que atua sobre as gônadas masculinas e femininas (testículos e ovários); d) hormônio luteinizante (LH), que atua sobre gônadas masculinas e femininas (testículos e ovários).

32. Além dos hormônios tráficos, a adenoipófise secreta outros dois hormônios importantes: a somatotrofina, ou hormônio de crescimento, e a prolactina. O primeiro, o hormônio de crescimento promove o crescimento das cartilagens e dos ossos, determinando assim o aumento do tamanho corporal. Uma quantidade excessiva desse hormônio na fase jovem da vida provoca o gigantismo, enquanto sua deficiência causa o nanismo. A produção do hormônio de crescimento diminui drasticamente após a puberdade. Às vezes, porém, sua produção é retomada na fase adulta, em decorrência de uma disfunção da hipófise. Nesse caso, a pessoa não cresce em altura, mas os ossos das mãos, dos pés e da cabeça aumentam de tamanho, uma condição conhecida como acromegalia. Crianças com deficiência de hormônio de crescimento têm sido tratadas com sucesso por meio de injeções desse hormônio. A prolactina atua sobre os ovários, promovendo a secreção de progesterona. Além disso, esse hormônio tem importante papel na estimulação da produção de leite pelas mulheres; sua função nos homens ainda é desconhecida.

33. A glândula tireóidea localiza-se no pescoço, logo abaixo das cartilagens da glote, sobre a porção inicial da traquéia. Dois hormônios tireoidianos, a triiodotironma e a tiroxina, são derivados do aminoácido tirosina (daí seu nome) e contêm iodo em sua constituição. Esses hormônios têm um papel fundamental no desenvolvimento e na maturação dos animais vertebrados. Nos anfíbios, por exemplo, os hormônios tireoidianos controlam a metamorfose do girino para a forma adulta. Na espécie humana, a deficiência no funcionamento da glândula tireóidea na infância resulta no retardamento do crescimento dos ossos e em debilidade mental, condição conhecida por cretinismo. A glândula tireóidea desempenha papel fundamental na homeostase, isto é, no auto-ajustamento do organismo. Durante toda nossa vida, os hormônios ajudam a manter normais a pressão sanguínea, o ritmo cardíaco, o tônus muscular e as funções sexuais. Além disso, a tiroxina e a triiodotironina atuam sobre as células do corpo em geral, aumentando sua atividade metabólica.

34. Se a tireóide da pessoa produz hormônios em excesso, a temperatura corporal eleva-se, ocorrendo sudorese intensa, perda de peso, irritabilidade e pressão sanguínea alta. Esse quadro clínico é conhecido por hipertireoidismo. Em casos graves de hipertireoidismo, pode ocorrer crescimento anormal da tireóide, com a formação de um "papo" no pescoço (bócio), e os olhos da pessoa tornam-se arregalados e saltados das órbitas, condição conhecida como exoftalmia. Esse quadro clínico é conhecido como bócio exoftálmico. Se a produção de hormônios tireoidianos baixa, a temperatura corporal diminui, a pele torna-se ressecada, a pressão sanguínea cai e a pessoa torna-se apática, tendendo a engordar. Esse quadro clínico, resultante de uma queda generalizada na atividade metabólica, é conhecido como hipotíreoidismo. A falta de iodo na alimentação humana pode provocar aumento de tamanho da glândula tireóidea, que forma um inchaço no pescoço, caracterizando um quadro denominado bócio carencial. Nesse caso, o crescimento da glândula é um mecanismo de compensação, que permite à pessoa absorver o máximo possível de iodo disponível, já que a dieta é pobre nesse elemento. No Brasil, a adição obrigatória de iodo ao sal de cozinha comercializado fez com que o bócio carencial deixasse de ser uma enfermidade endémica; antes disso, certas populações do interior eram afetadas cronicamente pelo bócio carencial. Em diversos países pobres do mundo calcula-se que existam cerca de 200 milhões de pessoas afetadas pela falta de iodo na dieta.

35. A calcitonina é outro importante hormônio tireoidiano que atua diminuindo a quantidade de cálcio no sangue. Ela atua em conjunto com o hormônio das glândulas paratireóideas na manutenção da concentração normal de cálcio no sangue.

36. As glândulas paratireóideas, em número de quatro, ficam adendas à parte posterior da glândula tireóidea, daí sua denominação. Elas produzem o paratormônio, hormônio responsável pelo aumento do nível de cálcio no sangue.

37. A taxa normal de cálcio no sangue, em torno de 9 a 11 mg por 100 mL de sangue, é regulada pela ação conjunta das glândulas tireóidea e paratireóideas, por meio de seus hormônios calcitonina e paratormônio, respectivamente. A diminuição da concentração sanguínea de cálcio estimula as glândulas paratireóideas a secretar paratormônio. Esse hormônio atua: a) sobre os ossos, provocando liberação de cálcio; b) sobre o intestino, aumentando a absorção de cálcio dos alimentos; c) sobre os rins, aumentando a reabsorção de cálcio contido na urina inicial. Essas ações conjuntas levam ao aumento do nível de cálcio no sangue. Esse aumento, por sua vez estimula a glândula tireóidea a secretar o hormônio calcitonina, cujos efeitos são inversos aos do paratormônio. A calcitonina a) aumenta a deposição de cálcio nos ossos, b) reduz a absorção de cálcio pelo intestino e c) diminui a reabsorção de cálcio pêlos túbulos renais. Essas ações levam à diminuição do nível de cálcio no sangue. Se uma pessoa sofrer disfunção das glândulas paratireóideas, com redução na produção de paratormônio, haverá diminuição de cálcio no sangue, levando as células musculares esqueléticas a se contrair convulsivamente. Caso a pessoa não seja tratada, com administração de paratormônio ou de cálcio, pode ocorrer contração intermitente dos músculos (tetania muscular) e mesmo a morte.

38. O pâncreas tem, simultaneamente, funções exócrinas e endócrínas, sendo por isso considerado uma glândula mista, ou anfícrina (do grego amphi, dois, e krynos, secreção). A parte endócnna do pâncreas é constituída por centenas de aglomerados celulares denominados ilhotas pancreáticas. Estas têm dois tipos de célula: beta, que constitui cerca de 70% de cada ilhota e produz o hormónio insulina, e alfa, responsável pela produção do hormónio glucagon. A insulina facilita a absorção de glicose pêlos músculos esqueléticos, pelo fígado e pelas células do tecido gorduroso, levando à diminuição na concentração da glicose circulante no sangue. Nas células musculares e nas células do fígado, a insulina promove a união das moléculas de glicose entre si, com formação de glicogênio. Essa substância é uma forma de estocagem de glicose para os momentos de necessidade. Quando realizamos esforço muscular intenso, o glicogênio de nossos músculos é quebrado originando moléculas de glicose que são usadas como "combustível" na respiração celular, para produção de energia. Nos intervalos entre as refeições, o glicogênio armazenado no fígado e quebrado liberando glicose no sangue para uso das demais células do corpo. O glucagon tem efeito inverso ao da insulina, levando ao aumento do nível de glicose no sangue. Esse hormónio estimula a transformação de glicogênio em glicose no fígado, além da transformação de outros nutrientes em glicose.

39. O nível normal de glicose no sangue, chamado normoglicemia, situa-se em torno de 90 mg de glicose por 100 mL de sangue (0,09 mg/m L). Esse valor é mantido pela ação conjunta da insulina e do glucagon. Após uma refeição, a concentração de glicose no sangue aumenta, como resultado da absorção de açúcar do alimento pelas células intestinais. Esse aumento da glicemia estimula as células beta das ilhotas pancreáticas a secretar insulina. Sob a ação desse hormónio, todas as células passam a absorver mais glicose e a concentração desse açúcar no sangue baixa até os níveis normais. Se a pessoa passa muitas horas sem se alimentar, a concentração de glicose em seu sangue diminui, e as células alfa das ilhotas pancreáticas são estimuladas a secretar glucagon. Sob a ação desse hormónio, o fígado passa a converter glicogênio em glicose, liberando esse açúcar na corrente sanguínea.

40. A insulina está relacionada com o distúrbio hormonal conhecido í orno diabetes melito, enfermidade em que a pessoa apresenta •axa elevada de glicose no sangue, a ponto de esse açúcar ser excretado na urina. A pessoa diabética produz grande volume de uiina, uma vez que a alta quantidade de glicose no filtrado qlornerular causa diminuição na reabsorção de água pêlos túbulos renais Além disso, o diabético degrada muita gordura e proteína para obter energia, o que pode resultar em emagrecimento e fra-qi leza Existem dois tipos de diabete melito: tipo l, ou diabete juve-nn, tipo II, ou diabete tardia. O diabete juvenil desenvolve-se antes dos 40 anos de idade, e é causado pela redução acentuada de <>

41. Cada glândula supra-renal, ou adrenal, localiza-se sobre um dos rins, daí sua denominação. Cada uma delas é constituída por dois tecidos secretores bastante distintos; um deles forma a medula (porção mais interna) da glândula, enquanto o outro forma o córtex (porção mais externa).

42. A medula adrenal produz dois hormônios principais: a adrenalina (ou epinefrina), e a noradrenalina (ou norepinefrina), os quais são sintetizados a partir do aminoácido tirosina. Durante uma situação de estresse (susto, grande emoção etc), o sistema nervoso estimula a medula adrenal a liberar adrenalina no sangue. Sob a ação desse hormônio, os vasos sanguíneos da pele contraem-se e a pessoa fica pálida; o sangue passa a se concentrar nos músculos e órgãos internos, preparando o organismo para uma resposta vigorosa. A adrenalina também causa taguícardia (aumento do ritmo cardíaco), aumento da pressão arterial e maior excitabilidade do sistema nervoso. Essas alterações metabólicas permitem que o organismo dê uma resposta rápida à situação de emergência. A noradrenalina é iberada em doses mais ou menos constantes pela medula adrenal, independentemente da liberação de adrenalina. Sua principal função é manter a pressão sanguínea em níveis normais.

43. Os hormônios produzidos pelo córtex adrenal pertencem ao grupo dos esteróides, sendo conhecidos genericamente como corticosteróides. Um grupo deles (glicocorticóides) atua na produção de glicose a partir de proteínas e gorduras. Esse processo aumenta a quantidade de glicose disponível para ser usada como combustível, em casos de resposta a uma situação estressante Um outro grupo de corticosteróides (mineralocorticóides) regula o balanço de água e de sais no organismo. A aldosterona, por exemplo, é um hormônio que aumenta a retenção de íons sódio pêlos rins, causando retenção de água no corpo e, conseqüente-mente, aumento da pressão sanguínea. A liberação de aldosterona é controlada por substâncias produzidas pelo fígado e pêlos rins em resposta a variações na concentração de sais no sangue. Estados de depressão emocional podem atuar sobre o hipotálamo, afetando as glândulas supra-renais. Com isso, pode ocorrer aumento da pressão sanguínea e outras alterações metabólicas. A persistência de tal situação pode resultar em doenças.

44. A hidrocortlsona, ou cortisol, é o principal glicocorticóide da medula da supra-renal. Além de seus efeitos no metabolismo da glicose, a hidrocortisona diminui a permeabilidade dos capilares sanguíneos. Por essas propriedades, essa substância é usada no tratamento das inflamações, como as provocadas por processos alérgicos. Deve-se evitar o uso prolongado de hidrocortisona, pois essa substância tem a propriedade de deprimir o sistema de defesa corporal, tornando o organismo mais suscetível a infecções. Hoje sabe-se que a manutenção prolongada de níveis elevados de cortisol no sangue, como ocorre no estresse crónico, causa depressão do sistema imunitário, tornando o organismo mais suscetível a infecções e contribuindo para doenças como úlcera péptica, hipertensão, arteriosclerose e, possivelmente, diabete melito. Existem também indícios de que a depressão do sistema imunitário contribui para o desenvolvimento de câncer, o que pode explicar a maior incidência dessa doença em pessoas com depressão crônica.

45. As gonadotrofinas são hormônios adenoipofisários que atuam sobre as gônadas e promovem seu desenvolvimento e funcionamento. As mudanças psicofisiológicas que ocorrem aproximadamente entre os 11 e 14 anos, caracterizando a puberdade, são controladas por dois desses hormônios: o hormónio folículo estimulante (FSH) e o hormónio luteinizante (LH). Nos meninos, o FSH e o LH agem sobre os testículos, estimulando a produção do hormónio testosterona. Esse hormônio e as gonadotrofinas agem em conjunto estimulando a produção de espermatozóides. Nas meninas, o FSH atua sobre os ovários, estimulando o desenvolvimento dos folie uios ovarianos, enquanto o LH é responsável pelo rompimento do tolícuío maduro e pela liberação do óvulo, fenômeno chamado ovulação : LH também atua sobre o folículo rompido, estimulando sua transformação no corpo amarelo, que produz o hormônio progesterona

46. Os hormônios sexuais são produzidos pelas gônadas (testículos e ovários). Eles afetam o crescimento e o desenvolvimento do corpo e controlam o ciclo reprodutivo e o comportamento sexual Os principais hormônios sexuais femininos são o estrógeno p a progesterona, produzidos pêlos ovários, e o principal hormônio masculino é a testosterona, produzida pêlos testículos.

47. O estrógeno é produzido pelas células do folículo ovariano em desenvolvimento. Esse hormônio determina o aparecimento das características sexuais secundárias da mulher, tais como o desenvolvimento das mamas, o alargamento dos quadris, o acúmulo de gordura em determinados locais do corpo (que arredonda as formas). O estrógeno também induz o amadurecimento dos órgãos genitais e promove o impulso sexual. A progesterona é produzida pelo corpo amarelo ovariano, que se origina do folículo rompido durante a ovulação. Esse hormônio tem importância fundamental no processo reprodutivo, pois, juntamente com o estrógeno, atua na preparação da parede uterina para receber o embrião.

48. O hormônio testosterona é produzido pelas células intersticiais do testículo. Ele é responsável pelo aparecimento das características sexuais secundárias masculinas, tais como barba, o espessamento das pregas vocais (que torna a voz mais grave) e um maior desenvolvimento da musculatura em relação às mulheres. A testosterona também induz o amadurecimento dos órgãos genitais e promove o impulso sexual. Ela começa a ser produzida ainda na fase embrionária, e é sua presença no embrião que determina o desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos. A ausência de testosterona, ou a falta de receptores para esse hormônio nas células do embrião, faz com que ele desenvolva o sexo feminino.

49. A partir da puberdade, a mulher entra na fase reprodutiva de sua vida, que deverá se prolongar até a idade de 50 anos, ou pouco mais. Nesse período, a cada 28 dias aproximadamente, o organismo feminino prepara-se para a reprodução. Essa preparação consiste em produzir um óvulo e em desenvolver o revestimento da parede uterina, o endométrio, para receber um embrião. Se a fecundação não ocorre, o revestimento do endométrio é eliminado e o organismo feminino reinicia outro ciclo de preparação. A eliminação do revestimento do endométrio e de sangue pela vagina é chamada de menstruação e ocorre, em média, a cada 28 dias, durante a vida fértil da mulher. O tempo de duração da menstruação varia de 3 a 7 dias, dependendo da pessoa e de suas condições fisiológicas. O período entre o início de uma menstruação e o início da seguinte é chamado ciclo menstrual.

50. Durante o período de menstruação, a hipófise começa a aumentar a produção de FSH, e a taxa desse hormônio eleva-se no sangue O FSH induz o desenvolvimento de alguns folículos ovarianos, que passam a produzir estrógeno. Em conseqüência, a taxa desse hormônio sexual também se eleva progressivamente na circulação sanguínea. Isso induz o espessamento da parede interna do útero, o endométrio, que se torna rico em vasos sanguíneos e em glândulas. Quando a taxa de estrógeno no sangue atinge determinado nível, ela estimula a hipófise a liberar grande quantidade de FSH e de LH. Esses dois hormônios induzem a ovulação, que ocorre geralmente por volta do décimo quarto dia a partir do início do ciclo menstrual. O LH, presente em taxas sanguíneas elevadas desde a ovulação, induz as células do folículo ovariano rompido a se transformarem no corpo amarelo, que produz um pouco de estrógeno e grande quantidade de progesterona. O corpo amarelo irá atingir seu desenvolvimento máximo cerca de 8 a 10 dias após a ovulação. O estrógeno e a progesterona atuam em conjunto sobre o útero, continuando sua preparação para uma eventual gravidez. A alta taxa desses hormônios, entretanto, exerce agora um efeito inibidor sobre a hipófise, que diminui a produção de FSH e LH. A queda na taxa de LH tem como conseqüência direta a regressão do corpo amarelo, que deixa de produzir estrógeno e progesterona. Assim, a queda brusca nas taxas desses dois hormônios ovarianos faz com que a mucosa uterina sofra descamação, ou seja, ocorre a menstruação. A queda nas taxas de estrógeno e de progesterona também faz com que a hipófise volte a produzir FSH, reiniciando-se um novo ciclo menstrual.

51. O embrião recém implantado na parede uterina informa sua presença ao corpo da mãe por meio de um hormônio, a gonadotrofina coriônica, produzido principalmente nas vilosidades cônicas. A presença da gonadotrofina coriônica no sangue da mulher grávida estimula a atividade do corpo amarelo, o que mantém elevadas as taxas de estrógeno e de progesterona, que normalmente diminuem no final do ciclo menstrual. Assim, a menstruação não ocorre, o que constitui um dos primeiros sinais de gravidez. No início da gestação, a concentração elevada de gonadotrofina coriônica no sangue da mulher faz com que parte desse hormônio seja eliminada na urina. Muitos testes de gravidez comercializados atualmente detectam a presença de gonadotrofina coriônica na urina, sinal inequívoco de gravidez. A partir do quarto mês de gravidez, o corpo amarelo finalmente regride A mucosa uterina, entretanto, continua presente e em proliferação, graças à produção dos hormônios estrógeno e progesterona pela placenta, agora já completamente formada. A placenta continuará a produzir estrógeno e progesterona em quantidades crescentes até o fim da gravidez.

Respostas dos Exercícios - 2° Ano Cap. 19

CAPÍTULO 19 - MOVIMENTO E SUPORTE DO CORPO HUMANO - GUIA DE ESTUDO

1. Músculos são órgãos constituídos basicamente por tecido muscular, cujas células são especializadas em se contrair. Eles são responsáveis por cerca de metade da massa corporal de uma pessoa saudável. A locomoção, a movimentação de partes específicas do corpo, a circulação do sangue nos vasos sanguíneos, o deslocamento do alimento no tubo digestório, a eliminação de saliva pelas glândulas salivares, a eliminação de urina etc. são alguns exemplos de ações que dependem da atividade muscular. Os músculos podem ser comparados a "motores" que transformam a energia dos nutrientes em força, permitindo a movimentação do corpo.

2. As extremidades de um músculo esquelético estão geralmente "ancoradas" em ossos, que servem como pontos de apoio para a ação muscular. Os músculos esqueléticos atuam quase sempre em duplas, com movimentos antagônicos: enquanto a contração de um deles provoca movimento em um sentido, a contração do outro provoca movimento em sentido contrário.

3. A contração de uma fibra muscular esquelética segue a "lei do tudo ou nada", ou seja, ou a fibra contrai-se totalmente, ou não se contrai. Assim, se o estímulo nervoso for suficientemente intenso para estimular a fibra nervosa, ela se contrai com o máximo de sua capacidade; se o estímulo não for suficientemente forte, a fibra simplesmente não se contrai.

4. O grau de contração de um músculo depende da quantidade de fibras que são estimuladas. Quando o estímulo nervoso é fraco, só algumas fibras são estimuladas e o resultado é uma contração fraca do músculo. No caso de uma estimulação forte, muitas fibras musculares são estimuladas simultaneamente e a contração do músculo é intensa.

5. Denomina-se tônus muscular o estado permanente de atividade, ou tensão muscular, que todo músculo estriado esquelético sempre apresenta e que é particularmente importante na manutenção da postura corporal. A prática regular de exercícios físicos aumenta o tônus muscular, enquanto a vida sedentária diminui o tônus, prejudicando a postura corporal. Estados de tensão emocional podem aumentar exageradamente o tônus de certos músculos, produzindo a sensação física de tensão muscular. Nessa condição, gasta-se mais energia do que o normal, o que causa a sensação de cansaço.

6. Contração isotônica (do grego /só, igual, semelhante, e tónikus, força) é aquela em que há encurtamento do músculo durante a contração. Por exemplo, quando flexionamos o braço para suspender uma sacola, nosso bíceps contrai-se isotonicamente. Quando a contração de um músculo não causa seu encurtamento, falamos em contração isométrica (do grego /só, igual, semelhante, e metrikós, medida). Os eventos moleculares na fibra muscular são os mesmos na contração isotônica e na contração isométrica.

7. Durante um exercício muito intenso, o gás oxigênio que chega aos músculos pode não ser suficiente para suprir as necessidades respiratórias das fibras musculares. Nesse caso, elas passam a produzir ATP por meio da fermentação láctica. Esse processo, embora menos produtivo que a respiração aeróbica, garante o suprimento de energia para a contração muscular em situações de emergência.

8. Esqueleto é o conjunto de peças ósseas e cartilaginosas que dá sustentação ao corpo. Ele protege os órgãos internos e participa da movimentação do corpo, servindo de ponto de apoio para a ação dos músculos esqueléticos. Além dessas funções, o esqueleto atua como reserva de cálcio e como local de formação das células do sangue.

9. Uma articulação óssea é o local onde dois ossos fazem contato. No crânio, por exemplo, as articulações são fixas e os ossos estão firmemente unidos, formando uma caixa óssea resistente. Em outras articulações, denominadas articulações ósseas, os dois ossos em contato podem movimentar-se um em relação ao outro É o que ocorre na articulação do braço e do antebraço. Ligamentos são cordões resistentes, constituídos por tecido conjuntivo fibroso, firmemente aderido ao periósteo e que mantêm no lugar os ossos de uma articulação.

10. O esqueleto axial é constituído pêlos ossos da cabeça e da coluna vertebral, incluindo as costelas; o esqueleto apendicular é constituído pêlos ossos dos braços e das pernas; as cinturas articulares são os conjuntos de ossos que unem o esqueleto apendicular ao tronco.

11.0 tronco é formado pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo osso esterno. A coluna vertebral, popularmente conhecida por espinha dorsal, é constituída pelas vértebras. Elas são denominadas vértebras cervicais na região do pescoço, vértebras

torácicas na região do tórax, vértebras lombares na região do abdome e vértebras sacrais na extremidade posterior da coluna. Cada vértebra torácica está ligada a dois ossos em forma de arco, as costelas. Os sete pares de costelas superiores unem-se por cartilagens ao esterno, um osso achatado localizado no meio do peito. Os três pares de costelas seguintes são mais curtos e suas extremidades prendem-se, também por cartilagens, às costelas acima delas. Os dois últimos pares de costelas terminam em pontas livres e, por isso, são chamadas de costelas flutuantes, ou costelas falsas.

12. Cada um dos membros superiores é composto do braço, do antebraço, do pulso e da mão. O osso do braço é o úmero, que se articula, no cotovelo, com os ossos do antebraço, o rádio e a ulna. O pulso é formado por ossos pequenos e maciços, os ossos carpais; a palma da mão é formada pêlos ossos metacarpais, e os dedos, pelas falanges. O esqueleto dos membros superiores prende-se ao esqueleto axial por meio do cíngulo dos membros superiores, constituído pela escápula e pela clavícula. A escápula (ou omoplata) é um osso grande e chato, com forma triangular, localizado na parte superior das costas. A clavícula é um osso em forma de bastão curvo, situado na parte superior do peito.

13. Cada um dos membros inferiores é composto da coxa, da perna, do tornozelo e do pé. O osso da coxa é o fêmur, o mais longo do corpo. No joelho, o fêmur articula-se com os dois ossos da perna, a tíbia e a fíbula. A região frontal do joelho é protegida por um pequeno osso, a patela. O tornozelo é formado por ossos pequenos e maciços, os ossos tarsais; a planta do pé é formada pêlos ossos metatarsais e os artelhos (ou "dedos dos pés"), pelas falanges. Os membros inferiores ligam-se ao esqueleto axial por meio do cíngulo dos membros inferiores, conhecido popularmente como bacia. O cíngulo dos membros inferiores é formado pelo osso sacro e por um par de ossos ilíacos, cada um deles resultante da fusão de três ossos: o ílio, o ísquio e o púbis. O osso ilíaco possui uma concavidade onde se encaixa perfeitamente a "cabeça" arredondada do fêmur.

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