sábado, 18 de abril de 2009

Respostas dos Exercícios - 3° Ano Cap. 17

CAPÍTULO 17 -SUCESSÃO ECOLÓGICA E BIOMAS - GUIA DE ESTUDO

1. Espécies pioneiras são aquelas que conseguem se instalar em lugares inóspitos, suportando suas severas condições e abrindo caminho para a chegada de outras espécies. Gramíneas que colonizam dunas de areia e liquens que colonizam rochas nuas são exemplos de espécies pioneiras.

2. Sucessão ecológica é um processo gradativo de colonização de um habitat, em que a composição das comunidades vai se alterando ao longo do tempo. Sucessão primária é a que ocorre em uma área antes desabitada, cujas condições iniciais eram altamente desfavoráveis à vida. Ex.: a sucessão que ocorre em uma lava vulcânica. Sucessão secundária é a que ocorre em locais desabitados, mas que já foram anteriormente ocupados por uma comunidade biológica e, por isso, apresentam condições iniciais relativamente favoráveis ao estabelecimento de uma comunidade biológica. Ex.: a sucessão que ocorre em um campo de cultivo abandonado em uma área florestal.

3. Microdima refere-se às condições ambientais particulares do biótopo ao qual estão adaptadas determinadas espécies.

4. a) Os organismos das comunidades em sucessão provocam modificações na estrutura física do habitat e no clima, inaugurando nichos ecológicos novos, que favorecem a chegada de novas espécies. Por exemplo, plantas suculentas criam o nicho ideal para pulgões e para outros insetos herbívoros. Estes, por sua vez, servem de alimento a insetos predadores, que servirão de alimento a pássaros insetívoros e assim por diante, b) O aparecimento de novos nichos ecológicos leva ao aumento da diversidade de espécies na comunidade, ou seja, ao aumento da biodiversidade. Com isso, aumenta o número total de indivíduos capazes de viver na comunidade e, portanto, a biomassa do ecossistema em sucessão, c) O crescimento da teia de relações entre seus componentes permite à comunidade a|ustar-se cada vez mais às variações impostas pelo meio, aumentando sua homeostase, isto é, sua capacidade de manter-se estável apesar das variações ambientais.

5. Comunidade clímax é uma comunidade estável, em que a biodiversidade, a biomassa e as condições microdimáticas tendem a manter-se constantes. Nesse estagio é atingido o máximo da homeostase. O clímax é um estado de estabilidade da comunidade resultante da sucessão compatível com as condições da região

6. O desenvolvimento que uma comunidade pode atingir, isto é, seu clímax, depende de um conjunto de características do meio. As mais importantes são o clima — que inclui a temperatura ambiental, o índice de chuvas etc. — e o tipo de solo presentes na região.

7. Insolação é a quantidade de radiação solar que atinge a superfície terrestre. A insolação depende de dois fatores principais: a latitude e a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao ângulo de incidência dos raios solares. Na linha do equador, isto é, na latitude zero, os feixes de radiação solar incidem quase perpendicularmente à superfície terrestre, enquanto nas regiões situadas em latitudes crescentes, norte e sul, os feixes incidem obliquamente, devido à curvatura da Terra. Conseqüentemente, no equador, a mesma quantidade de energia solar distribui-se em uma área menor de superfície terrestre que junto dos pólos; por isso no equador, a mesma quantidade de energia solar aquece mais determinada área da superfície que nos pólos.

8. O eixo de rotação da Terra apresenta uma inclinação da ordem de 23,5° (graus de circunferência) em relação ao Sol. A inclinação do eixo não se altera ao longo do ano, de tal maneira que, no início do ano, o hemisfério norte está inclinado para longe do Sol. Isso, além de fazer os feixes de radiação incidirem obliquamente à superfície do hemisfério norte, também diminui a duração dos dias, resultando em temperaturas baixas. No hemisfério sul ocorre o contrário.

9. Nas regiões equatoriais, o ar, por estar fortemente aquecido pelo calor que irradia do solo, sobe (por estar menos denso) e gera uma zona de baixa pressão, que é imediatamente ocupada por ar mais frio. Esse movimento do ar devido ao aquecimento desigual é conhecido como corrente de convecção. O ar aquecido desloca-se afastando-se do equador e, próximo das latitudes de 30° norte e sul, a massa de ar desce. Junto à superfície, a atmosfera novamente se aquece, subindo e deslocando-se até 60° de latitude, onde desce novamente. Uma terceira e última convecção leva massas atmosféricas até as regiões polares. Pesadas chuvas ocorrem quando o ar aquecido sobe e se resfria, principalmente nas regiões tropicais, onde a evaporação é intensa. Muitas das regiões desérticas do planeta encontram-se justamente nas latitudes de 30° norte e sul, onde as massas de ar seco descem sobre a superfície terrestre. Ao se aquecerem, subindo novamente, as massas de ar carregam a umidade da região, tornando-a seca.

10. A água dos mares e dos oceanos circula, formando correntes resultantes do efeito combinado dos ventos e da rotação da Terra. No hemisfério norte, as correntes oceânicas circulam no sentido horário, enquanto no hemisfério sul circulam no sentido anti-horário. Duas correntes oceânicas muito importantes são a Corrente do Golfo e a Corrente de Humboldt. A primeira leva água aquecida do equador até a costa da América do Norte e da Europa, tornando mais amenas as temperaturas dessas regiões. A segunda leva águas resfriadas da região polar até a costa pacífica da América do Sul. Além de contribuírem na circulação de energia, as correntes oceânicas são também importantes na circulação de nutrientes no ambiente marinho.

11.0 solo forma-se pela desagregação das rochas da superfície terrestre. O aquecimento pelo Sol e o resfriamento brusco pelas chuvas, aliados à ação dos ventos, são os fatores que constituem o intemperismo, responsável pela fragmentação das rochas, que são reduzidas a pequenas partículas. As partículas que compõem as camadas superiores do solo, que estão mais sujeitas aos efeitos do intemperismo, são menores que as das camadas mais profundas. A rocha não-decomposta, localizada na posição mais inferior do solo, é denominada rocha matriz.

12. Quanto à textura, os solos podem ser formados por partículas maiores ou menores, desde areia grossa, com partículas entre 0,2 mm e 2 mm de diâmetro, até areia fina e argila, esta última com menos de 2 um de diâmetro. Se as partículas do solo forem

grandes, a água das chuvas infiltra-se rapidamente e pouca umidade fica retida. Por outro lado, solos constituídos por bastante argila retêm água e minerais (Ca2*, K* e Mg2*). O solo mais apropriado para as plantas compõe-se de uma mistura adequada de partículas grandes e pequenas, de modo a reter água sem, no entanto, encharcar-se demais. A vegetação também participa da formação do solo. Quando a vegetação é densa, a camada mais superficial pode ser formada quase totalmente por matéria orgânica decomposta, o húmus, rico em nutrientes que se infiltram no solo e são absorvidos pelas raízes das plantas. Minhocas e diversos tipos de microrganismos têm papel fundamental na formação do húmus.

13. Em locais onde as chuvas são abundantes, a água infiltra-se no solo e acumula-se junto à rocha matriz, formando uma zona permanentemente saturada de água, o lençol freátíco. A água do lençol freático pode deslocar-se sobre a rocha matriz e aflorar à superfície, formando um "olho-d'água", que pode originar um riacho e, eventualmente, um rio. Nas camadas acima do lençol freático, o solo fica saturado de água apenas após as grandes chuvas. Acima delas existe ar entre as partículas, além de água. Certas árvores possuem raízes tão profundas que chegam a atingir o lençol freático; isso torna-as capazes de resistir à eventual falta de água nas camadas superficiais do solo, enquanto prejudica plantas menores.

14. Bioma é um conjunto de ecossistemas terrestres com vegetação característica e fisionomia típica, onde predomina certo tipo de clima. Regiões da Terra com latitudes coincidentes, em que prevalecem condições climáticas parecidas, apresentam ecossistemas semelhantes e mesmos tipos de bioma. Por exemplo, o bioma denominado floresta tropical pluvial ocorre na faixa equatorial, tanto no continente americano como na África, no sudeste da Ásia e na Oceania. A savana, bioma do qual o cerrado brasileiro é um exemplo, ocorre em latitudes coincidentes da América do Sul, da África e da Austrália.

15. O bioma denominado tundra situa-se nas regiões próximas ao pólo Artico, no norte do Canadá, da Europa e da Ásia. Nesses locais a neve cobre o solo durante quase todo o ano, exceto nos três meses de verão, quando a temperatura chega, no máximo, a 10 °C positivos. No verão, apenas uma fina camada superficial do solo descongela-se; poucos centímetros abaixo da superfície, o solo permanece congelado, impedindo a drenagem da água do degelo, o que leva à formação de vastos pântanos. Na tundra situada mais ao norte, a vegetação é constituída basicamente por musgos e liquens; mais ao sul, onde a temperatura média é um pouco mais elevada, há também gramíneas e pequenos arbustos. Com relação à fauna, os mamíferos mais típicos da tundra são a rena, o caríbu e o boi almiscarado. Esses animais são protegidos por uma pelagem densa e podem sobreviver comendo apenas liquens, que procuram revolvendo a neve com os cascos. As aves da tundra, em sua maioria aves aquáticas pernaltas, migram para regiões mais quentes durante os meses de inverno. Há também algumas espécies de insetos, que hibernam no inverno corno forma de resistir às baixas temperaturas, entrando em atividade logo que se inicia o degelo

16. O bioma denominado taiga situa-se principalmente no hemisfério norte, ao sul da tundra ártica, onde o clima é frio, com invernos quase tão rigorosos quanto os da tundra, embora a estação quente seja um pouco mais longa e amena. A taiga é conhecida também como floresta de coníferas, pois é constituída basicamente por árvores do grupo das coníferas, como os pinheiros e abetos, além de apresentar musgos e liquens. Em contraste com as árvores das florestas tropicais e temperadas, as coníferas apresentam folhas estreitas e afiladas — folhas aciculadas — adaptadas para resistir às baixas temperaturas. A fauna da taiga é composta por mamíferos típicos, como alces, ursos, lobos, raposas, visons, martas e esquilos. Como na tundra, a maioria das aves da taiga migra para o sul no inverno.

17. O bioma denominado floresta temperada decídua é típico de certas regiões da Europa e da América do Norte, onde o clima é temperado e as quatro estações do ano são bem delimitadas. Na floresta temperada predominam árvores que perdem as folhas no final do outono e as readquirem na primavera; daí serem chamadas plantas decíduas, ou caducifólias. A perda das folhas é uma adaptação ao inverno rigoroso, pois permite reduzir a atividade metabólica da planta, o que é necessário para suportar as baixas temperaturas. Na Europa, as árvores mais características da floresta temperada são os carvalhos e as faias. Na América do Norte, predominam os bordos e algumas espécies de carvalhos e faias. Além dessas árvores, tanto na Europa quanto na América do Norte, estão presentes arbustos, plantas herbáceas e musgos. Com relação à fauna, a floresta temperada abriga muitas espécies de mamíferos, entre eles javalis, veados, raposas e doninhas, além de pequenos mamíferos arborícolas, como esquilos e arganazes. Vários tipos de pássaros e corujas também estão presentes, assim como várias espécies de insetos.

18. O bioma denominado floresta tropical, também chamado de floresta pluvial tropical, localiza-se em regiões de clima quente e com alto índice pluviométrico, ou seja, na faixa equatorial da Terra. Há florestas tropicais no norte da América do Sul (Bacia Amazônica), na América Central, na África, na Austrália e na Ásia. A vegetação da floresta tropical é exuberante e com árvores de grande porte, cujas folhas não caem no inverno pouco rigoroso; por isso, as plantas da floresta pluvial tropical são denominadas perenifólias. As plantas têm, em geral, folhas largas e delicadas, sendo por isso denominadas latifoliadas. As copas das árvores mais altas formam um "teto" de vegetação, sob o qual existe um "andar" interno, formado pelas copas de árvores mais baixas. Pode haver andares gradativamente menores, até chegar aos arbustos e às plantas rasteiras. A estratificação resultante dos diversos andares de vegetação origina diversos microclimas, com diferentes graus de luminosidade e umidade. Sobre os troncos das árvores, disputando condições melhores de luminosidade, há muitas plantas epífitas, como bromélías e samambaias. Nas florestas tropicais, a reciclagem da matéria orgânica é muita rápida; folhas que caem e plantas e animais que morrem são continuamente decompostos, e seus elementos químicos, reciclados. Forma-se, no solo, uma camada fértil, de cor escura - o húmus - que resulta da decomposição da matéria orgânica misturada aos componentes minerais do solo. A derrubada da floresta empobrece rapidamente o solo dos nutrientes; sem a cobertura vegetal e a constante reciclagem de elementos químicos, os nutrientes minerais do solo são carreados pelas chuvas, em um processo denominado lixiviação. Na floresta pluvial tropical há grande quantidade de nichos ecológicos, o que permite a existência de fauna rica e variada. Há muitos vertebrados nas árvores, como mamíferos (macacos e esquilos), répteis (serpentes e lagartos) e anfíbios (sapos e pererecas). No solo também vivem anfíbios, répteis, mamíferos herbívoros (veados, antas etc.) e mamíferos carnívoros (onças, gatos-do-mato etc); há também muitos invertebrados, principalmente insetos (mosquitos, besouros, formigas etc.).

19. O bioma do tipo savana caracteriza-se por apresentar arbustos e árvores de pequeno porte, além de gramíneas. É encontrado na África, na Ásia, na Austrália e nas Américas. Na savana africana, a fauna compõe-se de variados herbívoros de grande porte (antílopes, zebras, girafas, elefantes e rinocerontes) e de grandes carnívoros (leões, leopardos e guepardos). Há diversas espécies de pássaros, de gaviões e de aves corredoras, entre elas o avestruz. No Brasil, um tipo de savana é o cerrado, que será estudado mais adiante.

20. O bioma denominado pradaria, ou campo, apresenta vegetação constituída predominantemente por gramíneas. Esse bioma é encontrado em regiões com períodos marcados de seca, como certas áreas da América do Norte e da América do Sul. Os pampas gaúchos, que serão vistos adiante, são um tipo de pradaria. A fauna da pradaria é constituída por roedores (pequenos mamí-

feros como hamsters e marmotas) e carnívoros (lobos, coiotes e raposas). Nas pradarias também são abundantes os insetos.

21. O bioma denominado deserto localiza-se em regiões de pouca umidade. Sua vegetação, constituída por gramíneas e por pequenos arbustos, é rala e espaçada, ocupando apenas os locais em que a pouca água existente pode se acumular (fendas do solo ou debaixo das rochas). As maiores regiões desérticas do globo situam-se na África (deserto do Saara) e na Ásia (deserto de Gobi). A fauna predominante no deserto é composta de animais roedores (ratos-cangurus e marmotas), por répteis (serpentes e lagartos) e por insetos. Animais e plantas do deserto têm marcantes adaptações à falta de água. Os cactos, por exemplo, têm espinhos em vez de folhas, o que reduz a área da planta que perderia água por transpiração. Muitos animais saem das tocas somente à noite, e outros podem passar a vida inteira sem beber água, extraindo-a do alimento que ingerem.

22. A floresta amazônica, denominada hiléia, localiza-se na região Norte do Brasil, ocupando os estados do Acre, Amazonas, Pará, Rondônía, Tocantins, Amapá e Roraima, a parte norte de Mato Grosso e Goiás, além da parte oeste do Maranhão. O clima da região amazônica reúne condições propícias ao desenvolvimento de um exuberante bioma do tipo floresta pluvial tropical. As precipitações pluviométricas são superiores a 1.800 mm/ano e a temperatura é estável no decorrer do ano, situando-se entre 25 °C e 28 °C. A floresta amazônica apresenta diversos estratos ou andares formados pelas copas das árvores; o mais alto localiza-se, em geral, entre 30 m e 40 m acima do solo. Entre as árvores de grande porte da hiléia amazônica destaca-se a casta-nheira-do-pará, cujo tronco pode atingir até 3 m de diâmetro e 50 m de altura. Muitos géneros de árvores, como Viro/a e Pterocapus, apresentam raízes tabulares que fornecem maior apoio ao tronco. A árvore mais conhecida da região amazônica é, sem dúvida, a seringueira (Hevea brasiliensis), que pode atingir até 30 m de altura, com tronco de mais de 1 m de diâmetro. É do tronco da seringueira que se extrai o látex, a partir do qual é fabricada a borracha natural. Embora a borracha sintética venha sendo cada vez mais utilizada, a exploração da borracha natural ainda é muito importante para a economia da região amazônica. A floresta amazônica é rica em plantas epífitas, entre as quais se destacam grandes bromeliáceas. Há também epífitas da família das aráceas e begoniáceas, cujas raízes aéreas chegam até o solo, constituindo densas cortinas de cipós.

23. O bioma denominado floresta pluvial costeira, ou floresta atlântica, situa-se nas montanhas e planícies costeiras, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. A floresta atlântica tem árvores com folhas largas (latifoliadas) e perenes (perenifólias), como as da floresta amazônica. A altura média do andar superior oscila entre 30 m e 35 m, mas a maior densidade da vegetação é a do andar arbustivo. Há grande diversidade de epífitas, como bromélias e orquídeas. Na Bahia, extensas áreas de florestas costeiras foram totalmente destruídas para dar lugar a plantações de cana-de-açúcar, cacau e banana. No sul desse estado, além de serem desmaiadas para dar lugar a culturas de cana-de-açúcar e banana, as florestas costeiras têm sido exploradas para extração irregular de palmito. A floresta atlântica é um dos bíomas mais devastados pela exploração humana; calcula-se que reste apenas 5% das florestas costeiras que havia por ocasião da chegada dos primeiros colonizadores europeus.

24. O bioma denominado cerrado situa-se nos estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no oeste de São Paulo e Paraná. Há também algumas "ilhas" de cerrado na região amazônica. O cerrado é um bioma do tipo savana, com vegetação arbórea esparsa formada por pequenas árvores e arbustos, muitos deles com cascas espessas. O solo. na estação das chuvas, é relativamente rico em gramíneas, que secam na época das secas. As árvores do cerrado geralmente têm casca grossa e trancos retorcidos; dentre as espécies mais comuns estão o ipê (Tabebuia sp.), a peroba-do-campo (Aspidosperma tomentosum) e a caviúna (Dalbergia sp). O clima do cerrado é relativamente quente, com temperatura média anual por volta de 26 °C e índices pluviométricos entre 1.100 mm e 2.000 mm por ano, mas sua vegetação parece ser influenciada pelas características do solo.

25. O bioma denominado pampa, ou campo, é um tipo de pradaria. Localiza-se principalmente no norte do Rio Grande do Sul. Os pampas ocupam áreas de planície e caracterizam-se pela predominância de gramíneas. Eventualmente podem ser encontrados pequenos bosques de arbustos no interior do pampa, mas são formações isoladas, que não chegam a quebrara homogeneidade do bioma. O índice de chuvas no pampa fica entre 500 mm e 1.000 mm anuais. A temperatura varia de acordo com a estação, sendo, no inverno, entre 10 °C e 14 °C e, no verão, entre 20 °C e 23 °C. Atualmente, a maior parte da vegetação original do pampa foi destruída para dar lugar a áreas cultiváveis.

26. A caatinga é um bioma que ocupa cerca de 10% do território brasileiro, estendendo-se pêlos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e norte de Minas Gerais. A caatinga tem índices pluviométricos baixos, em torno de 500 mm a 700 mm anuais. Em certas regiões do Ceará, por exemplo, embora a média para os anos ricos em chuvas seja de 1.000 mm, pode chegar a chover apenas 200 mm, nos anos secos. A temperatura situa-se entre 24 °C e 26 °C, variando pouco ao longo do ano. Além de suas condições climáticas serem rigorosas, a região das caatingas está submetida a ventos fortes e secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de seca. A vegetação da caatinga é formada por plantas com marcantes adaptações ao clima seco, como folhas transformadas em espinhos, cutículas altamente impermeáveis, caules suculentos etc. Essas adaptações compõem o aspecto característico das plantas da caatinga, denominadas xeromórficas. São plantas cactáceas, como Cereus sp. (mandacaru e facheiro) e Pilocereussp. (xiquexique), e também arbustos e árvores baixas, como mimosas, acácias e amburanas (leguminosas) que, em sua maioria, perdem as folhas (caducifólias) na estação das secas, conferindo à região seu aspecto típico, espinhoso e agreste. Entre as poucas espécies da caatinga que não perdem as folhas na época da seca destaca-se o juazeiro (Zizyphus joazeiro), uma das plantas mais típicas desse bioma.

27. O bioma denominado floresta de cocais, ou babaçual, localiza-se em certas áreas dos estados do Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte; sua espécie vegetal mais típica é a palmeira Orbignya martiana, o babaçu. A região onde ocorre a floresta de cocais tem índice elevado de chuvas, entre 1.500 m e 2.200 mm anuais, e temperatura média anual de 26 °C. Um aspecto interessante é que o solo, na região dos babaçuais, possui um lençol freático pouco profundo, permanecendo úmido o ano todo. A floresta de babaçu tem importância económica; das sementes da palmeira extrai-se óleo, e as folhas são utilizadas para a cobertura de casas e para a fabricação de utensílios domésticos.

28. Pantanal mato-grossense é uma vasta planície inundável que ocupa, em território brasileiro, a parte oeste dos estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, estendendo-se ainda pelo Paraguai, Bolívia e Argentina. No Pantanal há grande número de espécies vegetais, a maioria delas também presente em outros biomas brasileiros; poucas espécies são endémicas, isto é, exclusivas da região. Entre estas destaca-se o carandá, uma espécie de palmeira parecida com a carnaúba, que forma bosques conhecidos como carandazais. Em algumas áreas do rio Paraguai pode-se encontrar a vitória-amazônica, planta típica da floresta amazônica. Em alguns locais mais altos, onde o solo não retém água da chuva, a vegetação pode apresentar a feição típica da caatinga, com cactos, barrigudas e gravatas. Nas áreas que são inundadas durante as cheias anuais, crescem diferentes tipos de gramíneas, além de arbustos e árvores isoladas, formando ex-

tensas pastagens naturais. O bioma do Pantanal é constituído por uma fauna aquática bem variada, que se beneficia das cheias periódicas. Além de moluscos e crustáceos, há centenas de espécies de peixes, entre eles o dourado, o pacu, o jaú, o pintado, o surubim, os lambaris e as piranhas. Durante as cheias, os peixes abandonam os leitos dos rios e saem à procura de alimento nos campos e nas florestas inundados. No fim da estação das cheias, quando as águas começam a baixar, os peixes retornam aos leitos dos rios, formando gigantescos cardumes que migram para as águas calmas dos brejos e nascentes para desovar. Esse fenómeno é conhecido como piracema. A fauna aquática do Pantanal garante a existência de mais de 200 espécies de aves, entre as quais garças, tuiuiús, colhereiros, cabeças-secas, socos e saracuras. Há também répteis, como o jacaré-do-pantanal e o jacaretinga, que se alimentam de peixes. Entre as serpentes, a espécie mais impressionante é a sucuri, espécie não-venenosa que pode atingir até 10 m de comprimento. Entre os mamíferos destacam-se as capivaras, roedores de grande porte que podem atingir até 70 kg de peso. Há ainda onças-pardas, onças-pintadas, ariranhas, macacos, porcos-do-mato e veados.

29. Os manguezais, ou mangues, são ecossistemas litorâneos com vegetação característica, onde o solo é lodoso e salgado. Formam-se junto a desembocaduras de rios e em litorais protegidos da ação direta do mar, tais como baías de águas paradas ou litorais guarnecidos por diques de areia. Durante a maré cheia, o solo do mangue fica coberto por água salgada. Os manguezais estendem-se por toda a costa brasileira, com interrupção nas regiões de litoral rochoso. Existem mangues bem desenvolvidos no Pará, Amazonas, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Os manguezais não se restringem estritamente à orla marítima; eles podem penetrar vários quilómetros no continente, seguindo o curso dos rios cujas águas se misturam com o mar durante as marés cheias. Em Belém (PA) e São Luís (MA), a vegetação típica de mangue penetra até cerca de 40 km pelo interior. Mangues internos também são encontrados no litoral sul de São Paulo (na região de Cananéia) e no litoral norte do Paraná (nas regiões de Ararapira e do Parque Nacional do Superagüi). Os mangueizais são restritos ao clima tropical e suas características se devem predominantemente aos chamados fa-tores edáficos, isto é, relativos ao solo. Este é formado por areia fina e lodo, e apresenta teor variado de sal, dependendo de sua proximidade e contato com a água do mar. Por estar constante-mente alagado, o solo do mangue é pobre em gás oxigénio, o que determina a sobrevivência apenas de bactérias anaeróbias produtoras de gás sulfídrico, que conferem a esse bioma um cheiro característico.

30. Uma característica importante que distingue os ecossistemas de água doce é se a água é parada, como nos lagos, lagoas e charcos, ou se está em movimento, como nos rios, riachos e corredeiras. Lagos, lagoas e charcos geralmente apresentam maior biodiversidade que os ecossistemas de águas em movimento. Nas águas paradas, os produtores são organismos fotossin-tetizantes representados tanto por plantas que vivem parcial ou totalmente submersas, quanto pelo fitoplâncton ou plâncton fotossintetizante, constituído por uma infinidade de seres microscópicos como algas verdes, cianobactérias e diatomáceas, que flutuam próximo à superfície. O fitoplâncton serve de alimento ao zooplâncton, ou plâncton não-fotossmtetizante, formado por microcrustáceos, protozoários e larvas de diversos organismos. Os habitantes de maior porte dos ecossistemas de águas paradas são os peixes. Os maiores ecossistemas lacustres do mundo são o lago Baikal, localizado na Sibéria, e o lago Tanganica, na África. Os ecossistemas de águas em movimento são pobres em plâncton. Seus habitantes são principalmente algas fixadas às rochas e também moluscos, insetos e peixes, que dependem de alimento proveniente das margens.

31. Podem-se distinguir dois grandes domínios marinhos: um relativo ao fundo — o domínio bentônico — e outro relativo às massas d'água, o domínio pelágico.

32. A luz consegue penetrar na água do mar até a profundidade máxima de 200 m, estabelecendo o que se denomina zona fótica. Abaixo dos 200 m de profundidade não há luz, e essa região escura é denominada zona afótica. Na metade superior da zona fótica vive o fitoplâncton marinho, formado por algas fotossintetizantes que produzem praticamente todo alimento necessário à manutenção da vida nos mares. Essa zona também é rica em plâncton não-fotossintetizante e em grandes cardumes de peixes.

33. A região que se estende dos 200 m até os 2.000 m de profundidade é a região batial. Suas águas são frias e pobres em fauna. Os peixes, moluscos e alguns outros animais que aí vivem são sustentados pela matéria orgânica proveniente da superfície. A região seguinte, que se estende dos 2.000 m aos 6.000 m de profundidade, é a região abissal. Nela encontram-se apenas umas poucas espécies, que chamam a atenção por suas características exóticas, como peixes bioluminescentes e lulas gigantes. A região mais profunda dos oceanos, abaixo de 6.000 m, é conhecida como região hadal. Sua fauna é ainda pouco conhecida, constituída principalmente por esponjas e moluscos.

34. Os organismos que habitam os mares podem ser classificados em três grandes grupos: plâncton, bentos e nécton. O plâncton é constituído de seres flutuantes. O plâncton é subdividido em duas categorias: plâncton fotossintetizante (fitoplâncton) e plâncton não-fotossintetizante (zooplâncton). O plâncton fotossintetizante é representado por algas microscópicas como as diatomáceas e dinoflagelados. Juntamente com bactérias fotossintetizantes, elas são as principais produtoras das cadeias alimentares marinhas. O plâncton não-fotossintetizante é representado por organismos consumidores como os foraminíferos (protozoários), crustáceos, celenterados, larvas de moluscos, equinodermos, anelídeos e peixes. O bentos é constituído de organismos relacionados ao fundo do mar. Os organismos bentônicos podem ser sésseis, isto é, fixados ao fundo, ou errantes, deslocando-se sobre o fundo. Os animais bentônicos geralmente alimentam-se de cadáveres e detritos orgânicos, embora existam representantes carnívoros que caçam ativamente suas presas. O bentos séssil é representado por algas macroscópicas e por animais como celenterados e vermes. O bentos errante, por sua vez, é representado principalmente por crustáceos (camarões, caranguejos e lagostas), equinodermos (ouriços-do-mar, holotúrias e estrelas-do-mar), e também por moluscos (caramujos e polvos). O nécton é constituído de organismos que se deslocam ativamente na água e não estão à mercê das correntezas, como os seres do plâncton. Fazem parte desse grupo a maioria dos peixes, as baleias, os golfinhos, certos crustáceos (camarões) e alguns moluscos (lulas e sépias). Os peixes herbívoros e as baleias são os consumidores secundários mais importantes da comunidade nectônica. Tubarões, peixes, lulas e outros animais carnívoros estão situados em níveis superiores das cadeias alimentares.

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