sábado, 18 de abril de 2009

Respostas dos Exercícios - 3° Ano Cap. 16

CAPÍTULO 16 - RELAÇÕES ECOLÓGICAS ENTRE SERES VIVOS - GUIA DE ESTUDO

1. Relações intra-específicas são as que se estabelecem entre indivíduos de mesma espécie, enquanto relações interespecíficas são as que se estabelecem entre indivíduos de espécies diferentes. Exemplo de relação intra-específica é a sociedade; de relação interespecífica é a predação.

2. Competição intra-específica é a disputa, entre indivíduos de mesma espécie, por um ou mais recursos do ambiente. Dependendo da espécie, pode ocorrer competição por água, alimento, minerais, luz, locais para construir os ninhos, parceiros para reprodução etc. Além da luta física por alimento ou por parceiros de reprodução, a competição também pode se manifestar de outras formas. Por exemplo, se um animal é muito ativo na procura de alimento, ele tende a levar vantagem competitiva sobre outro mais lento, principalmente se o alimento for escasso. Plantas podem competir por água e por nutrientes disponíveis no solo, e também por locais onde a luminosidade seja mais adequada. Em certas regiões desérticas, por exemplo, nota-se uma distribuição espaçada dos indivíduos de certas populações de plantas. Isso se deve à competição pelo suprimento de água no solo: como duas plantas não podem crescer muito perto uma da outra devido à escassez de água, elas distribuem-se com certa homogeneidade na área ocupada pela população.

3. Colónias são relações de cooperação intra-específica, em que indivíduos de mesma espécie vivem agrupados, interagindo de forma mutuamente vantajosa. Entre os componentes de uma colónia há sempre divisão de trabalho, cujo grau varia de acordo com a espécie. Quando os indivíduos de uma colónia são semelhantes, a colónia é considerada isomorfa; quando a colónia é formada por indivíduos diferentes, fala-se em colónia heteromorfa. A alga colonial Volvox, que vive em água doce, é um exemplo de colónia heteromorfa. Outro exemplo de colónia heteromorfa é o cnidário Physalia pelágica, conhecido como caravela-portuguesa. Outro cnidário colonial é a Obelia, em que as colónias são heteromorfas, com indivíduos alimentadores, chamados de gastrozóides, e indivíduos reprodutores, chamados de gonozóides. Os corais são cnidários que apresentam colónias isomorfas, com um esqueleto calcário compartilhado por centenas, milhares ou milhões de indivíduos muito semelhantes.

4. Sociedades são grupos de organismos de mesma espécie em que os indivíduos apresentam algum grau de cooperação entre si e relativa independência e mobilidade. Estas últimas características distinguem sociedade de colónia, na qual os indivíduos são fisicamente unidos. Diversas espécies, inclusive a nossa, vivem em sociedade. Exemplos de sociedades altamente organizadas são encontrados nos insetos sociais das ordens Hymenoptera (abelhas, formigas e vespas) e Isoptera (cupins)

5. Castas sociais são os diferentes tipos de indivíduo, que exercem funções bem definidas em certas espécies de msetos sociais. Na sociedade das abelhas, por exemplo, há três castas básicas: rainha, zangão e operária. Na sociedade de certas formigas há a casta dos reis (rainha e rei), dos soldados etc.

6. Em Apis mellifera, a rainha pode colocar dois tipos de ovo: não-fecundado e fecundado. Os ovos não-fecundados desenvolvem-se normalmente, fenómeno conhecido como partenogênese (do grego partenós, virgem, não-fecundado, e génesis, origem), e originam machos haplóides com cromossomos exclusivamente maternos. Ovos fecundados originam fêmeas diplóides. Estas podem desenvolver-se como operárias ou como rainhas, dependendo do tipo de alimentação que recebem na fase larval. Larvas de operárias e de zangões são alimentadas principalmente com mel, enquanto certas larvas, alimentadas com uma substância especial, a geléia real, transformam-se em rainhas. Ao atingira maturidade sexual, as jovens rainhas abandonam a colmeia, seguidas por um pequeno "séquito" de operárias e zangões, e fundam colmeias novas.

7. Quando analisadas sob o ponto de vista de ganho ou perda para os indivíduos envolvidos, as relações ecológicas interespecíficas podem ser classificadas em positivas ou negativas. Relações ecológicas positivas são aquelas em que um ou ambos os indivíduos associados beneficiam-se e não há prejuízo para nenhuma das partes. Relações ecológicas negativas são aquelas em que há prejuízo para um dos participantes da relação, ou para ambos.

8. Protocooperação ou mutualismo facultativo, também chamado apenas cooperação, é um tipo de relação ecológica em que as espécies associadas trocam benefícios, mas também podem viver sozinhas. Um exemplo de protocooperação é a relação entre crustáceos do género Pagurus, conhecidos como caranguejos-eremita, e algumas espécies de anêmona-do-mar (filo Cnidaria), Outro exemplo de protocooperação é a relação entre grandes mamíferos, como bois, búfalos e rinocerontes, e aves que comem seus carrapatos. Crocodilos também convivem cooperati-vamente com aves que entram em sua boca, removendo detritos e sanguessugas de suas gengivas.

9. Herbivoria é a relação em que animais herbívoros comem partes vivas de plantas. Do ponto de vista individual, há prejuízo para as plantas e benefício para os animais que delas se alimentam. Essa relação, entretanto, é uma das mais importantes na natureza: é por meio da herbivoria que a energia captada da luz solar pêlos produtores pode passar para os demais níveis tróficos das cadeias alimentares.

10. Predação é a relação em que uma espécie animal, predadora, mata e come indivíduos de outra espécie animal, que constituem suas presas. Do ponto de vista individual, as espécies predadoras beneficiam-se, enquanto as presas são prejudicadas. Do ponto de vista ecológico, a predação é um mecanismo que regula a densidade populacional, tanto para presas como para predadores. A estreita correlação observada entre as flutuações no tamanho das populações de predadores e presas é da maior importância para a sobrevivência de ambas.

11. Quando duas espécies de uma comunidade disputam os mesmos recursos do ambiente, pode-se dizer que seus nichos ecológicos se "sobrepõem", e ocorre competição interespecífica. Por exemplo, espécies que comem capim, como os gafanhotos e o gado, competem por alimento: ocorre sobreposição da parte de seus nichos referentes à alimentação. Plantas cujas raízes estão na mesma profundidade do solo competem por água e por nutrientes minerais. Quanto mais os nichos ecológicos das espécies são semelhantes, ou seja, quanto mais sobrepostos eles são, mais intensa é a competição entre as espécies. A competição interespecífica pode resultar tanto na extinção de uma das espécies como levá-la a migrar, procurando uma área disponível e sem espécies competidoras.

12. Simbiose é toda relação ecológica próxima e interdependente de certas espécies de uma comunidade, com consequências vantajosas ou desvantajosas para pelo menos uma das partes. Podem-se distinguir quatro tipos de simbiose: inquilínismo, comensalísmo, mutualismo e parasitismo.

13. Inquilínismo é a relação em que uma espécie "inquilina" vive sobre ou no interior de uma espécie hospedeira, sem prejudicá-la. O recurso principal buscado pelo inquilino, como o próprio nome indica, é abrigo e moradia. Por exemplo, orquídeas, bromélías e samambaias que crescem sobre outras plantas são exemplos de inquilinismo. Nesses casos, as espécies inquilinas são chamadas de epífitas (do grego epi, sobre, e phytos, planta). A vantagem das epífitas em crescer sobre árvores de grande porte é obter maior suprimento de luz para a fotossíntese, principalmente no ambiente pouco iluminado do interior das florestas.

14. No comensalismo, assim como no inquilinismo, uma das espécies é beneficiada pela simbiose, enquanto a outra, aparentemente, não obtém nenhum benefício com a relação, embora não sofra prejuízo. O recurso principal buscado pelo comensal, como o próprio nome indica, é alimento. Um exemplo clássico de comensalismo é a associação entre a rêmora (ou peíxe-pilo-to) e o tubarão. A rêmora possui uma estrutura dorsal aderente, comparável a uma ventosa, o apreensório, com o qual se prende ao corpo de tubarões. O tubarão fornece transporte gratuito para a rêmora e parece não se importar com sua presença. As rêmoras alimentam-se dos restos das presas caçadas pêlos tubarões, obtendo vantagens com a associação. A relação entre hienas e leões também é um caso de comensalísmo. As hienas acompanham, a distância, bandos de leões, servindo-se dos restos da caça abandonados por eles. Em certos casos, é difícil estabelecer a diferença entre inquilinismo e comensalismo. Por exemplo, diversas espécies de peixe-palhaço encontram abrigo e prote-ção entre os tentáculos de certas anêmonas-do-mar. Falaríamos, portanto, que se trata de uma relação de inquilínismo. Entretanto, se os peixes-palhaço aproveitarem restos da alimentação da anémona, além de utilizá-la como abrigo, a relação seria mais bem classificada como comensalismo.

15. Mutualismo, também chamado de mutualismo obrigatório, é um tipo de simbiose em que ambas as espécies que interagem obtêm benefícios. O mutualismo obrigatório difere da protocooperação pelo fato de ser permanente e indispensável à sobrevivência dos indivíduos associados; como vimos, na protocooperação os indivíduos das espécies participantes da relação podem viver associados ou não. Um exemplo de mutualismo é a interação de certas espécies de cupins de madeira e microrganismos (bactérias e protozoários) que habitam seu intestino. Outro exemplo de mutualismo é encontrado nos liquens, que são organismos formados pela associação de certas espécies de fungos e certas algas ou cianobactérias. Um terceiro exemplo de mutualismo é a associação entre determinados fungos e as raízes de certas plantas, formando as chamadas micorrizas.

16. Parasitismo é o tipo de simbiose em que uma espécie parasita associa-se a outra — a espécie hospedeira —, causando-lhe prejuízos por alimentar-se à sua custa. Em geral, espécies parasitas e hospedeiras estão bem adaptadas umas às outras, de modo que a relação causa poucos prejuízos ao organismo parasitado. Basta pensar que, se um parasita matar seu hospe deiro, ele também morrerá; portanto, a tendência é que a relação parasitária se torne equilibrada ao longo das gerações, o parasita adaptando-se ao hospedeiro, e vice-versa, fenómeno denominado coadaptação. Organismos parasitas podem viver na superfície externa do hospedeiro, sendo então chamados ectoparasitos, ou viver no interior do corpo do hospedeiro, sendo chamados endoparasitos Exemplos de ectoparasitos são piolhos e carrapatos, e de endoparasitos são as lombrigas, solitárias, bactérias, vírus e muitos outros Há animais ectoparasitos de plantas, como os pulgões, por exemplo, que sugam seiva elaborada dos caules através de suas longas trombas. Há também plantas parasitas de outras plantas. O cipó-chumbo, por exemplo, é uma planta parasita de cor amarela, sem folhas nem clorofila, com aparência de "fios-de-ovos", que cresce sobre outras plantas. A erva-de-passarinho é uma planta "hemiparasita", pois extrai das plantas hospedeiras apenas substâncias inorgânicas.

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